sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Benzodiazépinicos desinibem sistema de recompensa cerebral

Este é um estudo da Universidade de Genebra publicado na «Nature» sobre efeitos de tranquilizantes.

"Soporíferos e tranquilizantes mais usados, como o Valium por exemplo, são farmacologicamente classificados como benzodiazépinicos e provocam no cérebro modificações funcionais que desinibem o sistema de recompensa, podendo levar a um comportamento compulsivo aditivo.

O risco de dependência associado à toma regular destes medicamentos já é conhecido. No entanto, a questão da dependência está sujeita a alguma controvérsia, já que os mecanismos são ainda desconhecidos.

Entretanto, uma equipa de investigadores, da Universidade de Genebra, dirigida por Christian Lüscher, fez avanços neste sentido e acabou de publicar o estudo na revista «Nature». A investigação, financiada pelo Fundo Nacional Suíço (FNS), tem como objectivo tentar evitar este efeito secundário.

Os cientistas demonstraram que os benzodiazépinicos diminuem a actividade neuronal que controla o sistema de recompensa no mesencéfalo. Têm portanto efeitos similares a outras drogas como heroína ou haxixe. Quando o sistema de recmpensa se desinibe, pode impedir que se tome decisões ponderadas e detonar comportamentos compulsivos.

Problema de ansiolíticos é dependência

A equipa de investigação conseguiu descodificar o mecanismo molecular que se encontra na base deste comportamento, em testes efectuados no cérebro de ratos. Os benzodiazépinicos ligam-se a proteínas chamadas de receptoras GABA (A). Estes últimos são compostos por (dependendo o tipo de neurónio) diferentes sub-unidades e asseguram assim várias funções: eliminam estados de angústia, desbloqueiam contracções musculares, abolem crises de epilepsia e induzem o sono.

A sub-unidade alpha1

No entanto, os investigadores salientam que o efeito de dependência destes fármacos está relacionado com os receptores GABA(A), que contêm a sub-unidade alpha1. Para o estudo, o grupo de cientistas administrou determinada quantidade de benzodiazépinicos em ratos: as funções cerebrais dos animais começaram a modificar – o que levou ao reforço da actividade do sistema de recompensa.

Após alguns dias, os ratos usados na experiência começaram a desenvolver preferência por alimentos que contivessem benzodiazépinicos dissolvidos do que os mesmos alimentos sem medicação. Por outro lado, os animais cuja sub-unidade alpha 1 não podia ligar os fármacos devido a uma mutação, não perderam o controlo do sistema cerebral de recompensa nem desenvolveram comportamentos compulsivos.

Segundo Christian Lüscher, “com esta descoberta, deve ser possível conseguir-se desenvolver substâncias ansiolíticas que não provoquem dependência e pessoas que sofram de angústia são especialmente ameaçadas por esta dependência”.

2 comentários:

  1. Está explicado muita coisa...Porque alguns neurónios não funcionam..espirito de humor só para quem alcança :0)
    Artigo curioso de facto!

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