quinta-feira, 20 de maio de 2010

Perturbações da linguagem (Parte II)

Passe tempo diariamente com o seu filho, nem que sejam 30-60 minutos (mas só dedicados a ele) a brincar e a interagir. Cante-lhe canções (não se preocupe se é desafinado), brinque com fantoches, faça jogos...

Sinais de alarme no desenvolvimento da linguagem 

  0-3 meses: não se volta quando ouve falar ou perante sons fortes;
  4-6 meses: não reage ao "não" ou às alterações no tom da voz, nem dirige o olhar perante sons que ocorrem (exemplo: tocar da campainha, fechar de uma porta...);
  7-12 meses: não reconhece as palavras dos objectos comuns, não se volta quando se chama pelo seu nome, não imita sons (palra) ou os utiliza para chamar a atenção, além do choro;
  1-2 anos: não consegue apontar imagens nomeadas num livro nem compreender perguntas simples (exemplo: onde está o cão?);
  2-3 anos: não compreende diferenças no significado ("em cima"/"em baixo"), não consegue entender dois pedidos seguidos ("pega na fralda e vai colocar ao lixo"), nem juntar duas ou três palavras ou dizer o nome dos objectos comuns;
  3-4 anos: não responde a perguntas simples "quem", "o quê", "onde". Não é entendido por pessoas exteriores à família, não consegue usar frases de quatro palavras, nem pronunciar correctamente a maioria dos fonemas. 

Em todas estas crianças é necessário ponderar a referência a um especialista em linguagem para uma avaliação.O que fazer?

Quando é colocada a hipótese de perturbação da linguagem deve realizar-se uma avaliação da audição, do seu nível cognitivo, do desenvolvimento da linguagem e motor, da integração social e comunicação. A intervenção deve ser multidisciplinar (psicólogo, pediatra do desenvolvimento, neuropediatra e terapeuta da fala) e ser ajustada a cada criança. Raramente são necessários exames auxiliares de diagnóstico como análises, TAC, ressonância magnética ou electroencefalograma, excepto se há história de epilepsia, regressão da linguagem, alterações no exame neurológico ou atraso global no desenvolvimento.
Perante uma criança com menos de 3 anos que tenha um atraso na linguagem, mas que apresenta um bom desenvolvimento psicomotor, uma boa compreensão da linguagem verbal, boas capacidades comunicativas e uma história familiar de aquisição tardia, é lícito manter-se uma atitude de mera vigilância sem necessidade de intervenção imediata. Nestes casos, a reeducação e o treino em terapia da fala (a qual deve geralmente iniciar-se entre os 3 e 4 anos de idade) facilmente resolvem os atrasos simples da linguagem. Defende-se que esta idade é a idade ideal porque um início muito precoce pode originar atitudes de recusa na criança, provocando, assim, uma total ineficácia do tratamento.

Como ajudar a criança a melhorar a expressão verbal?

Responder a todas as verbalizações espontâneas ou produção de sons, dando à criança a sua atenção e reforço positivo - o elogio é uma boa recompensa;
Estimular a criança a fazer um número variado de sons, quer imitando os que ela faz, quer promovendo sons para ela imitar;
Estimular a repetição e a imitação de actividades motoras (exemplo: bater palminhas...);
Ensinar a criança a utilizar saudações, tais como o "Olá", "Tchau", "Adeus";
Estimular a criança a responder verbalmente sim ou não.
Incentivar a nomeação de objectos e gravuras, perguntando-lhe onde está o objecto e o que está a fazer (ex: "Onde está o cão?", "E com que está o cão a brincar?");
Encorajar a criança a verbalizar os seus pedidos e desejos, em vez de utilizar o gesto;
Se a criança não for capaz de repetir ou produzir uma frase longa, deve repeti-la e expandi-la;
Falar muitas vezes com a criança, usando linguagem clara e bem articulada, sem distorcer as palavras ou usar diminutivos;
Ler livros, de preferência com imagens, de crianças mais pequenas. Passe tempo diariamente com o seu filho, nem que sejam 30-60 minutos (mas só dedicados a ele), a brincar e a interagir. Cante-lhe canções (não se preocupe se é desafinado), brinque com fantoches, faça jogos...A intervenção no atraso da linguagem é essencialmente educacional, visando reforçar a interacção social e o intuito comunicativo na criança afectada, sendo individualizada de acordo com as suas necessidades específicas

Por: Sandra Costa, com a colaboração de Iris Maia, Pediatra do Hospital de Braga.

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