domingo, 30 de janeiro de 2011

Falando com quem escreve: Sandra Morato, livro: Sara, a Luz

 
Decorreu hoje a primeira sessão da iniciativa denominada “Falando com quem escreve”.
A sala programada inicialmente foi pequena para receber os mais variados públicos que aderiram à iniciativa.
 
 Alunos de mestrado em educação especial, docentes e pais fizeram desta manhã uma verdadeira partilha que contou com a dinamização de uma família que recebeu desde o nascimento com toda a aceitação uma criança com diagnóstico de trissomia 21.
Sim a família.

Sandra Morato foi a mãe que assumiu o compromisso da partilha desta manhã mas não veio sozinha. Trouxe com ela o resultado dos afectos que proporcionou muito mais que uma mera exposição de factos.

Proporcionou in loco aos presentes “as características reais de uma criança que independentemente de um cromossa a mais ou a menos é uma criança como todas as outras”. Com capacidades e direitos. Talvez com uns pormenores que comparou ao acesso à internet. Uns computadores são mais rápidos que outros. Alguns acedem rapidamente a um site, outros vão mais devagar…mas chegam lá, fazem precisamente a mesma tarefa!

Penso que a metáfora é perceptível…

...Aliás, em minha opinião, devia ser mesmo uma mensagem a reter constantemente!...

A família, obviamente estende-se ao pai, focando também a importância da fratria na utilização das estratégias referindo que são parte integrante do processo.

Descrever uma manhã onde se assistiu a um filme, à descrição de todo um processo desde o nascimento até às vivências actuais é impossível resumir, devido ao relato perseverante, decidido e carregado de afectos que não se conseguem codificar em escrita.

Docentes solicitam constantemente sessões de formação creditada… os alunos e docentes que hoje estiveram presentes puderam constatar que esta partilha jamais poderia ser substituída por qualquer aula teórica ou sessão creditada sobre esta temática. Temática da inclusão, tão simples quanto isso.

Não foi só falar do elencar as características das crianças com este síndrome, nem constatar todos aqueles caminhos sinuosos por onde cada família passa, desde a relação com os técnicos de saúde às dificuldades na educação (que foi, e é sobejamente conhecido de todas as famílias e compartilhadas por todas as que estiveram presentes). Foi muito mais rico que isso, que a minha escrita não poderá revelar o que só se sente através do sentimento, da mensagem que toca a epiderme de cada um.

Uma situação foi bastante realçada, a necessidade de “colo” destes pais. Não será compreensível este factor, quando ainda as mentalidades não agem com normalidade, naturalidade e com todo o respeito que qualquer indivíduo merece na sociedade de que faz parte?

A inclusão é possível, desde que haja investimento, da família desde o nascimento, na parceria efectiva com todos os técnicos e de todo o cidadão.

Esta sessão foi um testemunho pessoal que está editado em livro, reflexo de um percurso de uma mãe que pretende ajudar outros pais, contribuir para um caminho que excluirá o preconceito e sobretudo mais do que divulgar o seu relato que partilha envolvido em afectos, segurança e firmeza na educação, reivindica que todos os cidadãos têm de alertar para a falta de acessibilidades e serem responsáveis pela oferta de oportunidades que contribuem para uma oportunidade de igualdade para todos.

Mais do que o compromisso que cada um de nós tem neste papel, é compreender estas famílias para que dessa forma ajustem as suas mentalidades e consigam ver, e passo a citar a dinamizadora, “as capacidades para além do rosto”.

Dar voz às famílias torna-se cada vez mais premente numa sociedade que se quer inclusiva. Mais do que uma partilha de Falando com quem escreve foi uma manhã irreptível … especial, de testemunho de quem vive na primeira pessoa uma viagem com destino desconhecido mas de experiência inesquecível com a qual muito temos que aprender e que só podemos (devemos), cada vez mais respeitar.

Por: EC

In: Pontos de Vista

2 comentários: