sexta-feira, 22 de junho de 2012

A HISTÓRIA DO MIÚDO QUE SE CHAMAVA ELÁSTICO

Era uma vez um miúdo chamado Elástico que, na verdade, é um nome estranho para gente.

O que era ainda mais curioso é que o Elástico parecia mesmo um elástico, quando puxavam por ele esticava-se, esticava-se, ficava mesmo tenso. Quando o deixavam tranquilo, retomava o seu estar, calmo, como são os elásticos quando não estão esticados.

As pessoas não se davam conta de como o Elástico se sentia quando o esticavam.

Os pais, por desentendimento sem retorno, separaram-se, seguiram narrativas diferentes e ambos, por gostarem do Elástico, puxavam-no para si.

E ele, o Elástico, sentia-se puxado, ora por um ora por outro e ficava tenso, muito tenso mesmo.

Mas os pais, muitos são assim, quando se perdem deles não se querem perder dos filhos e, por medo de que isso aconteça, puxam muito pelos filhos, pelo que puxavam pelo Elástico.

Ele, muitas vezes, sentia-se mal, já quase nunca estava calmo, estava quase sempre tenso. Os pais, quanto mais o percebiam triste menos o percebiam a ele, só pensam em si, pais, e assim puxavam ainda mais por ele, para si.

Um dia, estão a adivinhar, o Elástico partiu-se. Os elásticos mesmo quando parecem fortes acabam por partir. Ou porque secam, ou porque a tensão foi demais.

Texto de Zé Morgado

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